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Há um apelo no ar para que algumas manjedouras se equipem e ofereçam abrigo ao menino que está por nascer. Manjedouras de boa-vontade, de compreensão, de lealdade aos compromissos do amor entre as pessoas e amizade entre os povos precisam ser edificadas na alma de todas as pessoas. Nem seriam tarefas tão difíceis, caso não nos conservássemos indiferentes aos apelos do amável visitante.
O nascimento de Jesus, dessa forma, deixaria de ser um episódio da História celebrado pelos que se dizem cristãos e que se renova no final de dezembro de todos os anos. Mais legítimo conteúdo religioso ele teria se pudesse ser realizado de forma permanente e o calendário de festa não fosse jamais interrompido.
Na rotina de nossa vida, Jesus tem sido representado de diferentes formas. É um filho que encarece atitudes de amparo e disciplina; um amigo que aguarda testemunhos de lealdade; um mendigo que solicita pão e abrigo; um esposo ou esposa que não dispensa o ombro companheiro; a tarefa que espera ser cumprida.
Haveria festa em todos os meses do ano se esses eventos fossem contemplados por atitudes afirmativas de todas as pessoas, e seria então inventado um novo tempo, o tempo do companheirismo, da solidadriedade, do amor ao próximo no sentido mais amplo.
O Natal seria então uma festa permanente. Estrelas e anjos que ornamentam a cidade e os lares ganhariam vida, indicando os novos caminhos do homem e renovando a inefável louvação da boa vontade."
HUMBERTO VASCONCELOS in
" O Silêncio foi quebrado e outros escritos".
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